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Arquivo Municipal

Dia Mundial do Compositor



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Arquivo Municipal de Loures | 2025-01-15

Fernando Lopes-Graça

«Que hei-de dizer-lhes acerca da Música, que os interesse e que esteja ao meu alcance? Poderia dizer-lhes enfim, como além de uma Arte a considero uma Religião, a minha única Religião (…) e como visiono uma única Religião do Futuro, a única Religião de uma Humanidade Livre, Justa e Sábia».

(Fernando Lopes-Graça)

No Dia Mundial do Compositor, celebrado anualmente a 15 de janeiro, recordamos Fernando Lopes-Graça, um dos maiores compositores e musicólogos portugueses do século XX. Para assinalar esta data, exibimos algumas imagens da homenagem da Câmara Municipal de Loures ao maestro (1987) e duas reproduções alusivas à sua criação musical.

Nascido em Tomar, em 1906, numa família da pequena burguesia, Lopes-Graça cedo mostrou habilidades para tocar piano. Aos 11 anos aprendeu solfejo e piano e, com apenas 14 anos, atuou pela primeira vez em público como pianista. Em 1923, partiu para a capital, onde ingressou no Curso Superior do Conservatório de Lisboa. Em 1927, fez a sua primeira apresentação pública como compositor.

Acérrimo crítico do Estado Novo, foi preso político e viu a sua obra censurada e interditada ao público por diversas vezes. Ao longo dos anos o homem que ansiava «vincar em formas musicais o que a alma humana tem de profundo e eterno», seria proibido de seguir uma carreira na função pública, de lecionar e até de concorrer a bolsas de estudo no estrangeiro.

Em 1937, Fernando Lopes-Graça instalou-se em Paris, onde frequentou o curso de Musicologia da Sorbonne. Em 1940, regressado do exilio voluntário na capital francesa, obteve o prémio de composição do Círculo de Cultura Musical. Incansável, continuou a sua intervenção musical e cívica, enverando pelo caminho mais difícil, conciliando a renovação da linguagem musical com a participação nas grandes discussões promovidas pelos intelectuais da época. Em 1973, foi reconduzido na direção artística do Coro da Academia de Amadores de Música, de onde saíra em 1954, quando uma determinação ministerial o impediu de exercer funções pedagógicas no ensino particular.

Nos últimos anos da década de 1970, o talento de Lopes-Graça recebeu finalmente o reconhecimento merecido. Falecido em 1994, a sua arte continuou a ser uma referência e uma fonte de inspiração, transcendendo gerações e estilos. O seu legado musical, considerado avançado para a época, deixou-nos uma vasta e diversificada obra, abarcando sonoridades como a música sinfónica e coral, a música de câmara ou canções populares. Além do piano e das orquestrações, Lopes-Graça dedicou-se à música tradicional e participou nas publicações mais marcantes da cultura portuguesa do seu tempo, como as revistas «Presença» e «Seara Nova».


    
         

  

CML – AML – Série Folhas de Contacto, 1965, 1987

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