4 de Outubro de 1910: Implantação da República em Loures
Na madrugada do dia 4 de outubro de 1910, um grupo de revolucionários republicanos concentrou-se no Terreiro do Paço. Ao mesmo tempo, diversas forças militares sublevavam-se contra a monarquia. A revolução tinha começado. Após acesos combates, entre o Terreiro do Paço e o atual Parque Eduardo VII, o regime monárquico caiu moribundo. Na manhã de 5 de outubro de 1910, pelas 9 horas, a partir da varanda dos Paços do Concelho da Câmara Municipal de Lisboa, José Relvas, à frente da delegação republicana, proclamou a Implantação da República em Portugal. Nessa mesma tarde, D. Manuel II, o último rei de Portugal, embarcava na Ericeira para o exílio.
Por essa altura, em Loures já se celebrava a revolução republicana há várias horas. A República tinha chegado mais cedo ao concelho. Pelas 14 horas do dia 4 de outubro, numerosos lourenses tinham-se reunido no Centro Republicano de Loures e aderido entusiasticamente ao movimento revolucionário que «então lavrava em Lisboa» contra a «decrepita e corrupta monarchia», nomeando uma Junta Revolucionária formada por Augusto Herculano Moreira Feyo, Joaquim Augusto Dias, António Rodrigues Ascenso, José Ferreira Cleto, José Paulo de Oliveira, Manuel Marques Raso, José Joaquim Veiga e Jacinto Duarte.
O grupo de revolucionários havia decidido «(…) tomar posse immediata das repartições publicas do Concelho, auxiliando por este acto, a implantação da Republica em Portugal, pela qual estavam (…) firmemente decididos a sacrificar até à ultima gotta do seu sangue (…)». Pelas 15 horas do dia 4 de outubro, quando a Junta Revolucionária do Concelho já estava instalada na sala de sessões da Câmara, a bandeira republicana, verde e encarnada, feita de forma improvisada por Maria Guilhermina Ascensão, tinha sido içada por Joaquim Augusto Dias no mastro da fachada do edifício municipal. À janela, Moreira Feyo proclamava a Implantação da República no concelho de Loures.
Assinalamos a data, divulgando dois telegramas alusivos à efeméride. No primeiro, datado de 5 de outubro, Eusébio Leitão, Governador Civil do Distrito de Lisboa, transmitia ao Administrador do Concelho de Loures a obrigação de comunicar à Câmara e demais repartições públicas o dever de «arvorar a bandeira republicana e aguardar ordens». Quatro dias depois, um telegrama endereçado às Comissões Municipais Republicanas de todos os concelhos do distrito de Lisboa, determinava que, tanto quanto possível, os membros dessas comissões substituíssem as câmaras municipais dos concelhos não republicanos, nomeando o seu presidente, ou quem melhor lhe parecesse, e os membros das juntas das paróquias.
CML - AML - Série Correspondência Recebida, 1910