Censura na Primeira República
Com data de 15 de agosto de 1918, divulgamos uma circular do Governo Civil do Distrito de Lisboa a transcrever um ofício-circular sobre a aplicação do Decreto n.º 4601, de [13] de julho, no qual se determinava que a censura à imprensa, nos concelhos onde não se imprimiam publicações diárias, seria «exercida pelos respetivos administradores», e que estes receberiam uma «gratificação mensal de 15$00» pelo serviço.
Durante a Primeira República, como em muitos outros períodos históricos, os sucessivos governos tentaram controlar os conteúdos publicados pela imprensa e moldar a opinião pública. Entre 1910 e 1919, num tempo marcado por carências de toda ordem, a participação de Portugal na I Guerra Mundial (1914-1918) e a disseminação da Gripe Pneumónica (1918-1919), agravavam a já frágil situação do país e a insatisfação da população. Tornava-se assim essencial, na ótica de quem governava, acautelar as notícias que vinham a lume.
Num regime que advogara a liberdade de Imprensa, foram promulgados vários diplomas restritivos a essa liberdade, alegando a defesa dos interesses nacionais e a necessidade de proteger a ordem pública contra alarmes infundados. O controlo estatal da informação, ainda que em diferentes graus, nunca deixou, por isso, de estar presente.
CML - AML – Subfundo Administração do Concelho de Loures, 1918