Estado Novo: A Verdade Nos Documentos
Durante 48 anos Portugal viveu sob o jugo de um regime ditatorial que suprimiu a democracia e os direitos individuais, combatendo violentamente qualquer forma de oposição. Com uma governação alicerçada na disseminação de uma propaganda favorável ao regime, tornava-se imprescindível fiscalizar os meios de comunicação e vigiar os contactos entre os portugueses discordantes da «Situação».
Liderado por António de Oliveira Salazar e, mais tarde, por Marcello Caetano, o regime foi palco de cenários indignos de pobreza, repressão política, emigração e guerra colonial. Nas sombras que quase ninguém desconhecia, o controlo da população fazia-se através de uma censura despótica, de severas restrições à liberdade de expressão, de uma rede de informações titânica – em que, com a cumplicidade da administração pública, todos podiam denunciar todos –, do medo instituído pela Polícia Política (PIDE) que, perseguindo, torturando e prendendo, criou um brutal clima de terror, forçando muitos portugueses ao exílio.
Na desagregação de um regime tombado pelos problemas económicos e pelos anseios de um povo que ambicionava, mais do que nunca, melhores condições de vida e expressar a sua liberdade – como acontecia em praticamente toda Europa –, assumem especial protagonismo a luta da oposição e dos partidos na clandestinidade a par de uma guerra colonial que caminhava para o insucesso, aliado ao descontentamento dos militares, a quem não pode deixar de ser atribuído um papel determinante na Revolução que, a 25 de Abril de 1974, derrubou a ditadura mais longa da Europa Ocidental no século XX.
São tópicos como a pobreza, a repressão, a polícia política, os direitos e liberdades individuais, a censura, a liberdade de imprensa, a guerra colonial ou a emigração – decisivos no tempo e na queda do Estado Novo – que nos propomos apresentar durante os restantes meses de 2024, ano em que se comemoram os 50 anos do 25 Abril.
