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Arquivo Municipal de Loures | 2023-12-12

Presépio e Árvore de Natal: do Antagonismo à Conciliação

A poucos dias do Natal, recuperamos um ofício do Secretariado da Propaganda Nacional (Serviços de Informação e Imprensa), no qual era pedida toda a colaboração possível às iniciativas tomadas para conferir um «carácter nacional às manifestações populares e coletivas da época», secundando, assim, a «campanha de reaportuguesamento da Festa Cristã», lançada pela imprensa nacional em 1941.

O Presépio, e não a árvore de Natal, devia estar no centro das festividades. Solicitava-se, por isso, o apoio do presidente da Câmara Municipal de Loures, no sentido de que o presépio figurasse em todas as manifestações exteriores do Natal no concelho e que adornasse as montras com «a artística e sugestiva exposição das especialidades regionais de doçarias». Uma orientação compreensível se nos lembrarmos da simbiose e dos apoios mútuos existentes entre a Igreja Católica e o Estado Novo, que considerava a religião católica como a «Religião da Nação Portuguesa».

Atualmente, para muitos de nós, o Natal sem uma árvore enfeitada nem parece Natal. A tradição teve início há muitos séculos, em culturas pagãs, quando se decoravam plantas verdes, como símbolos de fertilidade e de vitalidade, ou se colocavam ramos de árvores verdes em lugares públicos para impedir que os maus espíritos entrassem. Já o surgimento da árvore de Natal moderna tem suscitado muitas dúvidas. Provavelmente terá sido inserida no interior das casas durante o século XVI. Com o tempo foi-se popularizando das elites para as classes mais baixas da sociedade, das zonas urbanas para as zonas rurais, do norte protestante para o sul católico, acabando por se expandir por todo o mundo.

Até meados do século XX, a Igreja Católica continuou a não autorizar as árvores de Natal nas suas celebrações, dizendo que o presépio era um símbolo suficientemente significativo de Natal. Finalmente, em 1982, o Papa João Paulo II permitiu pela primeira vez uma árvore de Natal na Praça de São Pedro, no Vaticano.



CML - AML – Série Correspondência Recebida, 1941

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