7 de Julho de 1926: Dissolução da Câmara Municipal do Concelho de Loures
Com data de 7 de julho de 1926 apresentamos um documento emitido pelo Governo Civil do Distrito de Lisboa, no qual se comunicava a dissolução da Câmara Municipal do Concelho de Loures e a nomeação de uma Comissão Administrativa, constituída por António Saraiva (farmacêutico), Francisco Marques Beato (capitão do exército), Júlio Camilo Alves (comerciante), José Pedro Lourenço (farmacêutico) e Manuel Lopes Boavida (professor).
A Comissão Administrativa tomaria posse a 12 de julho, assumindo Francisco Marques Beato o cargo de presidente da Câmara Municipal de Loures. Este evento era, obviamente, indissociável das movimentações políticas ocorridas no primeiro semestre de 1926 e do Golpe de Estado de 28 de Maio, que pôs fim à Primeira República.
Num contexto internacional desfavorável, dominado pelas crises decorrentes da Primeira Guerra Mundial, o governo republicano revelava-se incapaz de solucionar os graves problemas sociais e económicos do país, motivando, a par da forte contestação popular, a sublevação dos militares, com o presidente Bernardino Machado a ceder o poder ao almirante José Mendes Cabeçadas Júnior. Seguiram-se dois conturbados meses, com a Chefia do Estado a ser entregue primeiro a Manuel Gomes da Costa e depois a Óscar Carmona, que permaneceu no cargo até à sua morte, em 1951. Cada um dos três representava uma das fações do golpe militar, não existindo um projeto político comum ou unanimidade entre eles.
Nos anos subsequentes, Óscar Carmona seria decisivo na institucionalização e consolidação do Estado Novo, um dos muitos fascismos que cresciam na Europa. Teve um importante papel na ascensão de António de Oliveira Salazar, um civil, arquiteto da «Nova Ordem» e ministro das Finanças entre 1928 e 1932, ano em que chegou à Presidência do Conselho de Ministros.
A partir de 1933, com a entrada em vigor da nova Constituição, que legitimou o regime autoritário de partido único (União Nacional), Óscar Carmona foi perdendo autoridade e influência política. Durante esse período, Oliveira Salazar continuou a centralizar nele próprio os principais poderes, chefiando uma «ditadura férrea» que só terminaria em abril de 1974, com a Revolução dos Cravos.
CML – AML – Série Correspondência Recebida