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Arquivo Municipal

"Em Loures o Passado tem Futuro"



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Arquivo Municipal de Loures | 2021-07-09

"Em Loures o Passado tem Futuro"
Santa Iria de Azoia – Palácio de Vale de Flores
 
O Palácio de Vale de Flores, localiza-se em Via Rara, Santa Iria de Azoia. É uma casa de campo senhorial, um paço rural, construído no século XVI, na quinta que lhe deu o nome.
Com influências renascentistas, bem visíveis na capela e na "loggia", o edifício é um dos poucos exemplares de arquitetura civil deste período, no nosso país, o qual chegou até aos nossos dias conservando a sua estrutura original, possuindo, por esse facto, um incontestável valor arquitetónico.
A Quinta de Vale Flores constitui um conjunto patrimonial que, além do palácio integra importantes estruturas hidráulicas, bem como anexos de apoio à atividade agrícola.
O Palácio foi mandado construir por Jorge de Barros fidalgo da casa real, feitor de D. João III na Flandres, que, para a construção escolheu uma encosta da sua propriedade, a qual tinha uma posição privilegiada em relação ao vale contíguo e com uma vista desafogada para o Tejo. Para se poder usufruir dessa paisagem a fachada principal do edifício possuía uma bela varanda ao estilo das Villas italianas renascentistas, a "loggia".
Vale de Flores é cabeça do Morgadio instituído por Jorge de Barros em 16 de maio de 1556, de acordo com documentação que se encontra na Torre do Tombo. Jorge de Barros faleceu em 1562, ficando sua esposa Filipa de Mello a administrar o morgadio.
A propriedade de Vale de Flores pertenceu à família de Jorge de Barros até ao século XIX. Em 1870 a quinta é adquirida pela família Reynolds que passa a arrenda-la, perdendo importância ao nível habitacional. Durante o século XX é usada essencialmente para fins agrícolas, o que terá contribuído para a progressiva detioração, do palácio.
Nos finais da década de setenta do século XX, houve uma primeira intervenção dos responsáveis pelo património cultural ao nível governamental e da câmara municipal de Loures junto do proprietário da quinta, no sentido da preservação do palácio, mas por falta de meios, nada foi feito.
Em 1982 é publicado o decreto n.º 28/82, de 26 de fevereiro que classifica a quinta e o palácio como Imóvel de Interesse Público, delimitando a sua Zona Especial de Proteção. Mas, este instrumento legal não resolveu o problema da progressiva destruição de tão importante património, a falta de meios financeiros para a realização das obras de conservação mantinha-se.
A quinta de Vale de Flores sofre mais um desaire, a Zona Especial de Proteção é revista e em 1998 o traçado da IC10 acaba por amputar parte da quinta que antes se estendia até à EN115.
No ano 2000 termina a exploração agrícola da propriedade e o estado de ruína do seu edifício, por abandono progressivo, acentua-se. Em janeiro de 2001 abate o colunelo e em setembro do mesmo ano ocorre a derrocada parcial da vasta arcada do 2.º piso da fachada principal.
A Quinta de Vale de Flores ou das "abóboras", como era conhecida em Santa Iria da Azoia, perde um dos seus elementos arquitetónicos mais importantes, a "loggia", onde era habitual verem-se muitas abóboras.
Por fim a integração do palácio de Vale de Flores, em outubro de 2016, na lista dos monumentos mais ameaçados da Europa Nostra desencadeia nova sensibilização para a necessidade urgente de intervenção.
A Câmara de Loures, integrando uma rede de parcerias, decide promover a candidatura, "Reabilitação e Qualificação do Património Cultural Quinta e Palácio de Valflores – 2.ª e 3.ª fases", ao Programa Operacional Regional de Lisboa. Candidatura que é aceite.
Finalmente em 2018 as obras começaram e em 2020 estava concluída a 1.ª fase de recuperação do Palácio de Vale de Flores, a consolidação estrutural.
Em setembro de 2020 foi aprovado em reunião de câmara a adjudicação da 2.ª e 3.ª fases da obra que envolvem, a recuperação da cobertura fecho de vãos de portas e janelas e restauro e proteção dos elementos arquitetónicos.
Podemos dizer, que a recuperação de tão importante património do concelho de Loures está, agora, no bom caminho.



















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Legenda das fotos:
1

Palácio de Vale de Flores, 1988
CMLRS – AMLRS, folhas de contacto
2
Palácio de Vale de Flores em ruinas, 2016
CMLRS – AMLRS, digital
3 ao 11
1.ª fase de recuperação do Palácio de Vale de Flores, 2018
CMLRS – AMLRS, digital
12 a 14
Continuação da 1.ª fase de recuperação do Palácio de Vale de Flores, 2019
CMLRS – AMLRS, digital
15 e 16
Continuação da 1.ª fase de recuperação do Palácio de Vale de Flores, 2020
CMLRS – AMLRS, digital
17 e 18
Aqueduto da Quinta de Vale de Flores, 2020
CMLRS – AMLRS, digital

 
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