A Casa Chineza (1920)
Nos meados do século XIX, Lisboa fervilhava com novidades e descobertas. No coração da cidade, a Casa Chineza prendia a imaginação dos transeuntes com as suas montras de louças finas, lenços de seda ou leques exóticos. Dentro da loja, na Rua do Ouro, os aromas de chá e café moído convidavam a uma viagem sensorial, transportando os visitantes para terras distantes e misteriosas.
Durantes décadas, a Casa Chineza não foi apenas um estabelecimento comercial, foi um verdadeiro portal para um mundo de aromas, sabores diferentes e texturas desconhecidas. A carta que agora divulgamos, datada de seis de abril de 1920 e enviada o diretor-geral do Comércio Agrícola, revela um pouco da dinâmica comercial daquela época. A loja comunicava a venda de café moído com mistura de chicória, cevada e grão preto a um cliente chamado João, da Póvoa de Santa Iria, solicitando que fosse autorizada a circulação da mercadoria para a localidade.
Com o passar dos anos, a Casa Chineza transformou-se num estabelecimento de pastelaria e restauração. Nas suas vitrinas, os tradicionais doces portugueses e o folar de Chaves continuaram a atrair olhares e a despertar apetites. Após 157 anos de história, a Casa Chineza, uma lenda entre os mais velhos, encerrou as suas portas em 2023, deixando uma marca indelével nas memórias dos que por lá passaram. Testemunhando a relevância histórica da loja, a inscrição «Casa Chineza Fundada em 1866» foi incluída no levantamento fotográfico para a candidatura da calçada portuguesa a património cultural imaterial da UNESCO.

CML – AML – Subfundo Administração do Concelho de Loures, 1920