Corpo Expedicionário Português (1916-1918)
Recordamos o Corpo Expedicionário Português (CEP) e o seu papel durante a Primeira Guerra Mundial, através da divulgação de um telegrama enviado pelo Regimento de Cavalaria N.º 5 ao administrador do concelho de Loures em 11 de fevereiro de 1917. No documento convidavam-se os cabos, soldados e praças pertencentes à unidade militar, que fossem cozinheiros ou ajudantes de cozinheiro e residissem no concelho de Loures, a apresentarem-se nos quartéis-generais e no CEP. Em troca, oferecia-se um ordenado de 12$00 para a família e mais 40 francos em França.
Quase dois anos após o início da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), Portugal foi obrigado a abandonar a sua neutralidade. Até então, o país havia mantido uma posição de calculada imparcialidade, limitando a sua participação aos conflitos em Angola e Moçambique. No entanto, a 9 de março de 1916, a situação mudou completamente. Se bem que a vontade de legitimar a jovem república e de fortalecer a aliança com Inglaterra tenham contribuído para a entrada do país no conflito, foi a declaração de guerra pela Alemanha, em resposta à apreensão de navios alemães e austríacos refugiados em águas neutrais portuguesas a pedido dos ingleses, que obrigou o país a entrar oficialmente no teatro de guerra europeu como beligerante.
No dia 24 de maio, o ministro da Guerra, Norton de Matos, promulgou um diploma que estabelecia o recenseamento militar obrigatório para todos os cidadãos entre os 20 e os 45 anos. Nesse contexto, o governo republicano criou o CEP, a principal força militar portuguesa no conflito e, mais tarde, o Corpo de Artilharia Pesada Independente. Inicialmente organizado pelo general Norton de Matos, o CEP tornou-se uma prioridade absoluta. Os soldados receberam instrução militar em Tancos e, posteriormente, nos campos de treino britânicos.
Em janeiro de 1917, Portugal começou a enviar as suas tropas para a frente ocidental, na região da Flandres. Oriundos de todo o país, dezenas de milhar de homens chegavam à estação de Santa Apolónia, em Lisboa. De lá, marchavam até Alcântara, de onde seguiam em navios que os levariam até Brest, em França. Era nesses locais da capital que se faziam as últimas despedidas e se davam os últimos beijos.
Entre 1917 e 1918 o CEP participou em vários combates. Apesar das forças terem sido treinadas, equipadas e armadas pelos britânicos, a cadeia de comando permaneceu sob controle português, ainda que sujeita ao enquadramento britânico. Na linha da frente, as tropas estavam subordinadas hierarquicamente ao comando do I Exército Britânico.
Sob condições extremamente adversas, enfrentando ataques inimigos cada dia mais intensos e a falta de reforços, o estado físico e a moral do exército do CEP deterioraram-se significativamente. O dia 9 de abril de 1918, seria trágico para os tropas nacionais. Na Batalha de La Lyz o exército português seria destroçado pelas forças alemãs, com centenas de mortes e milhares de prisioneiros. As brigadas que restaram acabariam por ser incorporadas no exército britânico. A 11 de novembro de 1918 foi assinado o Armistício entre os Aliados e a Alemanha, pondo fim à Primeira Guerra Mundial.

CML – AML – Subfundo Administração do Concelho de Loures, 1917