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Arquivo Municipal de Loures | 2022-05-17

Félix Avelar Brotero, um Ilustre Botânico, um Lourense

Apresentamos dois documentos de 1940 que corroboram a ligação primordial de Avelar Brotero ao concelho de Loures, mais precisamente a Santo Antão do Tojal.

A 17 de maio, a Academia das Ciências de Lisboa revela ter chegado ao seu conhecimento que, em Santo Antão do Tojal, no Largo do Espírito Santo, se encontra para venda a casa em que presumivelmente nasceu Félix Avelar Brotero, pedindo – não sendo possível transformá-la na "Casa Brotero", com exposição permanente de material do espólio científico do botânico – que se considere a possibilidade de colocar uma lápide na referida casa.

Em junho, no dia 7, a Academia das Ciências de Lisboa agradece o amável ofício do Presidente da Câmara Municipal de Loures de 21 de maio, intercedendo para que se mande proceder à consulta do rol dos confessados da freguesia, a fim de identificar a casa em questão e conseguir apurar com segurança a época em que Avelar Brotero aí viveu.


Presentemente a casa encontra-se inserida no núcleo antigo de Santo Antão do Tojal, conservando a placa alusiva.


  

     

CML - AML - Série Correspondência Recebida


Breve Biografia de Avelar Brotero

Félix da Silva Avelar, célebre botânico português, nasceu em Santo Antão do Tojal em 1744 e faleceu em 1828. Frequentou a Universidade de Coimbra, mas não completou a licenciatura. As suas ideias iluministas, o seu entusiasmo pela ciência e a amizade com Filinto Elísio (defensor das ideias liberais) tornaram-no suspeito aos olhos do Santo Ofício. Em 1778 partiu para Paris. Durante a sua estadia acrescentou Brotero, que significa "amante dos mortais", ao seu nome de nascimento, conviveu e foi amigo de reputados naturalistas, terminou os principais estudos de História Natural e doutorou-se na Escola de Medicina de Reims. No entanto deixou de exercer clínica para se dedicar exclusivamente aos estudos de botânica. Em 1788 publicou o "Compêndio de Botânica", obra que lhe granjeou enorme reconhecimento entre os seus pares e que integra o acervo do Arquivo Municipal de Loures, podendo ser consultada presencialmente, com marcação prévia.

Em 1790 regressou a Portugal. No ano seguinte foi nomeado regente da cadeira de Botânica e Agricultura na Universidade de Coimbra onde lecionou durante 20 anos, surpreendendo alunos e professores pela qualidade das suas aulas. A partir de 1791 um assume papel relevante no Jardim Botânico da Universidade. Uma das suas obras científicas, entre as muitas que escreveu, "Flora lusitanica", publicada em 1804, angariou muitos elogios, tornando-se, a partir de então, uma referência para os inventários florísticos.

Depois de jubilado pela Universidade de Coimbra, foi nomeado por D. João VI, por decreto de 27 de abril de 1811, diretor do Real Museu e Jardim Botânico da Ajuda, cargo que desempenhou até 1828, ano da sua morte. Não obstante as reduzidas verbas – as invasões francesas tinham devastado o País – introduziu os melhoramentos possíveis, prosseguindo e aplicando as suas investigações botânicas. Em 1820 foi eleito deputado às Cortes Constituintes pela Estremadura, lugar que ocupou apenas quatro meses, tendo-se evidenciado no debate da Lei dos Cereais.

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