A propósito do Dia Mundial da Tuberculose, comemorado, anualmente, em 24 de março, lembramos um documento datado de 1940 que traduz, inequivocamente, a dor que se vivia naquele tempo.
Ainda que, segundo dados facultados pela Direção Geral de Saúde, a tuberculose mantenha atualmente uma tendência decrescente em Portugal, a mediana de dias até ao diagnóstico continua elevada. A demora no diagnóstico resulta da desvalorização dos sintomas – a literacia sobre tuberculose é escassa na população – e consequente atraso na procura de cuidados médicos, mas, também, ainda que em menor escala, da ausência de resposta dos serviços de saúde.
O ofício que aduzimos, enviado pela Assistência Nacional aos Tuberculosos (ANT) ao Presidente da Câmara de Loures em dezembro de 1940, traz-nos dados muito reveladores sobre a extensão da doença, nomeadamente a existência de oito sanatórios e de um preventório, com o total de 1309 camas, e ainda de 54 dispensários antituberculosos onde eram administrados medicamentos a milhares de tuberculosos pobres do País.
Com o objetivo de aumentar as receitas na luta contra a tuberculose e fazer face ao constante aumento de despesas nos sanatórios da ANT, foi feito um apelo a todas as câmaras municipais, pedindo-lhes que apoiem a "Campanha de Natal", remetendo-lhes, para o efeito, uma folha de 100 selos "antituberculosos", no valor de vinte escudos. A Câmara Municipal de Loures contribuiu para a campanha com a totalidade da verba.
CML - AML - Série Correspondência Recebida