Documentos com História
Novembro de 2020
Ao Mérito - Medalha da Cholera morbus (1859)
Desde 1833, data em que surgiram em Portugal os primeiros sinais de cholera-morbus no Porto e em Aveiro, em cada surto mais de 6000 pessoas de Lisboa e arredores podiam morrer de cólera, uma doença causada por águas ou alimentos contaminados. Criado em 1852, na fronteira com Lisboa e um vasto território rural propício à propagação de doenças, o recente concelho dos Olivais lidou nos seus primeiros anos de existência com os piores surtos epidémicos da época, sendo particularmente extraordinária a epidemia de 1855-1856.
«Anno do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo, de mil outocentos e cincoenta e nove, aos vinte e outo dias do mes de Julho…». O escrivão da Câmara registava o mesmo formulário de sempre, na rotina de sempre, que nesse dia seria quebrada com uma proposta do Presidente da Câmara pouco usual em instituições municipais, seguindo o exemplo do ano anterior da Câmara Municipal de Lisboa com a atribuição da Medalha da Febre Amarela, a da Câmara Municipal dos Olivais querer distinguir com uma insígnia os munícipes que prestaram auxílio e tratamento em 1856 aos doentes com cólera. No mês seguinte, por não ter sido referido anteriormente, nova proposta acrescentava que seria vinte os munícipes contemplados com a insígnia Ao Mérito – Câmara Municipal dos Olivaes.
Não se conhecem pormenores sobre os destinatários desta medalha, menos ainda se houve alguma cerimónia para a sua entrega, sabe-se que um exemplar desta rara condecoração foi enviado para a Academia Real das Ciências de Lisboa e publicado um desenho num estudo sobre medalhas e condecorações.
[Legenda de DCH_2020_11_1]
Câmara Municipal dos Olivais, Registo das sessões da Câmara Municipal dos Olivais, Livro 3, f. 38v
[Legenda de DCH_2020_11_2]
FERNANDES, Manuel Bernardo Lopes – Memoria das medalhas e condecorações portuguezas e das estrangeiras com relação a Portugal. Lisboa: Academia Real das Sciencias de Lisboa, 1861, p. 109-110 e Estampa 41
das estrangeiras com relação a Portugal. Lisboa: Academia Real das Sciencias de Lisboa, 1861, p. 109-110 e Estampa 41