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Arquivo Municipal de Loures | 2019-11-22

Documentos com História | Dezembro de 2019

Degenerescência da Fé ou Anticlericalismo em Loures (1909-1912)

Marcante na I República, que suscita acesos debates, foi a relação entre o Estado e a Igreja, por vezes uma contenda entre diferentes credos, para além de um certo viés que a propaganda republicana fazia prever entre um Estado que se queria laico e uma Igreja que insistia em prerrogativas históricas. Um ano antes da implantação da República, a voz de Joaquim Mendes Leal, com bastante azedume, já avisava:

«Eis o pudibundo e abatido estado em que esta freguezia por desleixo se tornou [...]. Os conterrâneos de Loures, hoje desleixados e pobríssimos de taes desejos não vivem, apenas vegetam sob um dormente não se me dá! ... Só querendo que o não incommodem, sendo d’isto unicamente culpados os poderes públicos em tudo indolentes, nomeando para alli e para toda a parte auctoridades que, por seus culpados desprezos, não querem ou não sabem cumprir as leis que educam os povos…» (Admiravel egreja matriz de Loures: uriunda do V seculo, edificada pelos Templarios, p. 220-221)
 
Para além do derrube de cruzeiros, em 1910, do fecho dos templos, em 1911, a meio de 1912 a situação piora quando, com a conivência de João Raimundo Alves, são expulsos os párocos de Fanhões, Loures e Bucelas. Acusado de prepotência, irá rascunhar a sua defesa no primeiro papel que encontrou, alegando que os responsáveis tinham sido os povos e que os acompanhara «com o devido respeito até às portas de Lisboa», acrescentando que «evitei alli a muito custo que fossem linchados». O que é certo é que, por ser conhecido o seu anticlericalismo, a atitude não foi bem vista e foi demitido.


Poderá ainda visualizar o documento na página do Facebook "Arquivo Municipal de Loures".

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