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Arquivo Municipal

Documentos com História | Dezembro de 2018



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Arquivo Municipal de Loures | 2018-11-26

O Ultimato (1890)

Na segunda metade do século XIX, Portugal reclamou vastas áreas do continente africano invocando a primazia da ocupação, encontrando resistência à sua pretensão. Para resolver estas questões, em 1884 é convocada a Conferência de Berlim, destinada a fixar as zonas de influência de cada potência em África. A partilha do continente africano, sustentada na ocupação concreta do território e não pelo direito histórico como critério de ocupação de território, torna urgente a fixação dos territórios sob influência portuguesa.

Os primeiros tratados foram assinados em 1886 com a França e em 1887 com a Alemanha. A Inglaterra reagiu, notando a nulidade destes tratados porque nunca tiveram interesses na zona. Na verdade, para ter efeito o «Mapa cor-de-rosa», uma faixa de território que ia de «Angola à contra-costa», cedia-se à França na Guiné e à Alemanha no sul de Angola em troca do reconhecimento da pretensão.

No início de 1890, tendo como pretexto sido arreadas as bandeiras inglesas junto ao lago Niassa, um espaço desejado por Inglaterra, é exigida a retirada dos militares portugueses desse território, um episódio de grande tensão diplomática conhecido como Ultimatum. A razão era óbvia, as pretensões portuguesas entravam em conflito com a intenção inglesa de criar uma ferrovia que atravessaria o continente africano de norte a sul, ligando o Cairo à Cidade do Cabo.

D. Carlos cederia à Inglaterra e surgiram manifestações de revolta, indignação e protesto que originaram a criação da «Subscrição Nacional a Favor da Defesa do País», onde era Tesoureiro um futuro Presidente da Câmara Municipal de Loures. Através da realização de festas foram angariados fundos para navios, como o cruzador Adamastor. Ainda neste espírito foi composta a marcha «A Portugueza», com música de Alfredo Keil (Lisboa, 1850 - Hamburgo, 1907) e versos de Henrique Lopes de Mendonça (Lisboa, 1856 - 1931). Ao contrário do que se publica por vezes, não é verídico que a versão original de «A Portugueza» tivesse uma alusão a marchas contra os bretões.


Ofício da Comissão Executiva da «Grande subscripção nacional a favor da defeza do Paiz»
Câmara Municipal de Loures, Correspondência recebida, 1890, registo nº 261A


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