90 Anos de Marcha pela Direita
O primeiro automóvel a chegar a Portugal, da marca Panhard & Levassor, foi importado de Paris em 1895 pelo Conde de Avilez. Dizem, vários autores, que quando entrou na Alfândega de Lisboa surgiu a dúvida sobre a taxa a aplicar a tão estranha máquina. De hesitação em hesitação, seria máquina agrícola, seria máquina a vapor, lá acabou por se aplicar a taxa de locomobile ou seja, a mesma para as máquinas movidas a vapor.
E lá foi em direcção a Santiago do Cacém, onde o Conde de Avilez tinha a sua residência, não sem antes para lá de Cacilhas, para onde se tinha deslocado de barco desde Lisboa, protagonizar o primeiro acidente com um automóvel em Portugal, sendo um burro a primeira vítima registada.
Estes primeiros tempos dos automóveis foram atribulados, pois o único tipo de regulação da circulação ou da segurança rodoviária resumia-se à que era aplicada aos veículos de tracção animal. São precisamente as ameaças constantes de acidentes com automóveis que levam à aprovação, em 1901, de um regulamento sobre a sua circulação, no qual apenas se diz que os «conductores de automoveis deverão proceder por forma que não impeçam o transito de outros vehiculos», proibindo ainda o trânsito nos passeios destinados aos peões ou a cavaleiros e nas bermas.
Em 1911, sem alterações no articulado, é aprovado um novo regulamento que vigoraria até 1928, ano em que, por duas vezes, é aprovado o primeiro Código da Estrada português. Este Código rompe definitivamente com o passado, desordenado e caótico, alterando a posição de marcha «de todos os veículos e animais na via pública», que nunca foi à inglesa como ainda se julga, «devendo o trânsito passar a ser feito pela direita da via pública, deixando livre a esquerda». Para que não houvesse dúvidas, como mandava a Lei, a Câmara Municipal emitiria o Edital correspondente, não fosse algum solípede ser atropelado na via errada.
Poderá ainda visualizar o documento na página do Facebook "Arquivo Municipal de Loures".