Arquivo Municipal

O portal da capela da Quinta do Candeeiro, dedicada a Nossa Senhora, ostenta a data de 1710 e sabe-se que a iniciativa da sua construção partiu de Lazaro Monjardim, Mordomo do Culto Divino da igreja do Loreto, templo católico dos italianos radicados em Lisboa. Devido às reduzidas dimensões da capela, crê-se que a casa de habitação adjacente também o fosse e assim permanecesse durante largos anos até à sua aquisição por Eduardo Pereira Caldas, 2.º Conde de Mendia.
 
Até esta data, a propriedade já tinha passado por várias circunstâncias: em 1782 foi adquirida à família Monjardim por José de Sousa Pereira Caldas; em 1899 é vendida a religiosas Carmelitas, que se estavam a instalar de novo em Portugal, depois de terem sido expulsas em 1834; em 1910, com a implantação da República, o Carmelo é encerrado e os seus bens revertem para o Estado, sendo posteriormente a Quinta arrematada pelo Conde de Mendia, que a beneficiará com obras de vulto.
 
Ora, essas obras que em 1922 o Conde de Mendia pretende fazer, no prazo de cinco meses, após o pedido de licença, vão ser executadas sob o risco de um antigo «Architecto da Casa de Bragança», Manuel Joaquim Norte Júnior (1878-1962), um dos mais prolíferos artistas a trabalhar para a nobreza e burguesia lisboeta. Das obras emblemáticas de Norte Júnior podemos admirar, entre outras, a Casa Malhoa, em Lisboa; o pavilhão D. Carlos, no Buçaco; o Palace Hotel da Cúria; o Grande Hotel do Monte Estoril; o Hotel Paris, no Estoril e o Palácio Fialho, em Évora. Por outro lado, outras obras foram dedicadas ao movimento associativo no início do século XX, como os edifícios de «A Voz do Operário», da Associação dos Empregados do Comércio, ambas em Lisboa, e o da Sociedade Amor da Pátria, na Horta.
 
Em 1942, a Congregação Servas de Nossa Senhora de Fátima comprou a Quinta para ali instalar o Noviciado. Esta obra de Norte Júnior era, até agora, completamente desconhecida na sua biografia.

































































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