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Arquivo Municipal

«Reais Desposorios»



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Arquivo Municipal de Loures | 2025-09-27

Casamento do Rei D. Luís I com D. Maria Pia de Saboia

No dia 27 de setembro de 1862, o rei D. Luís I casou-se, por procuração, em Turim, com a princesa italiana D. Maria Pia de Saboia. Nascida a 16 de outubro de 1947, a jovem rainha, com apenas catorze anos – prestes a completar quinze –, era filha do rei Vítor Emanuel II de Saboia e da arquiduquesa Adelaide de Áustria.


Segundo o decreto oficial, cuja representação digital exibimos, a notícia dos «Reais Desposorios» deveria ser amplamente divulgada aos tribunais, corporações do Estado e autoridades eclesiásticas, civis e militares. O objetivo era garantir que todos os portugueses fossem informados do acontecimento. O dia da chegada de «Sua Magestade a Rainha de Portugal (…) Muito Amada e Prezada Esposa» ao porto de Lisboa, bem como os quatro seguintes, seriam celebrados com grande pompa: salvas de artilharia em fortalezas e navios de guerra portugueses, iluminações, repiques de sinos e festas públicas.  Nas províncias do continente, ilhas adjacentes e possessões ultramarinas, as comemorações ocorreriam nos três dias imediatos à receção da notícia.

D. Luís I subiu ao trono após a morte prematura do seu irmão, D. Pedro V, com febre tifoide, em 1861, sem deixar descendência. O jovem príncipe foi forçado a abandonar a sua carreira na Marinha e a casar com alguma urgência com uma princesa europeia, tendo a escolha recaído sobre Maria Pia de Saboia. A sucessão ficou assegurada com o nascimento do príncipe real D. Carlos de Bragança, a 8 de setembro de 1963.

Maria Pia ficou conhecida por ajudar os mais necessitados, criando várias instituições de apoio social. Contudo, habituada ao luxo da corte, também era famosa pelo gosto pela alta costura e pelos bailes de máscaras. Algumas das suas frases tornaram-se célebres, como «Quem quer rainhas, paga-as!», em resposta às críticas de um ministro sobre os seus gastos, ou «Se eu fosse o rei, mandava-o fuzilar», dirigida ao Marechal Duque de Saldanha quando este, durante a «Saldanhada» de 1870, cercou o Palácio da Ajuda e impôs ao rei a sua nomeação para a chefia do governo.

Mais tarde, quando o seu filho D. Carlos se tornou rei, D. Maria Pia cedeu o protagonismo à nova rainha, D. Amélia de Orleães. Após a implantação da República, a 5 de outubro de 1910, regressou ao Piemonte, onde faleceu no ano seguinte, com 63 anos.


CML – AML, 1862
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