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Arquivo Municipal

Dia Internacional do Trabalhador



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Arquivo Municipal de Loures | 2025-05-01

Jornada de Oito Horas: Um Marco Civilizacional

No dia 1 de maio de 1886, milhares de trabalhadores protestaram nas ruas de Chicago para exigir a redução da jornada de trabalho para oito horas diárias. Naquela época era comum que a carga horária, mesmo para mulheres e crianças, excedesse as 16 horas por dia. Os direitos laborais eram uma miragem. As greves e manifestações, inicialmente pacíficas, intensificaram-se nos dias seguintes, culminando no massacre de Haymarke, a 4 de maio, quando vários polícias e manifestantes perderam a vida. Em memória dessa luta, o primeiro dia de maio foi escolhido como o Dia Internacional do Trabalhador.

Em Portugal, 29 anos depois, a jornada de oito horas ainda era uma aspiração para a maioria dos trabalhadores. Esta situação está documentada no ofício que destacámos para assinalar a data. Em 1915, a Federação dos Operários da Indústria da Construção Civil solicitou à Câmara Municipal de Loures a regulamentação das horas de trabalho dos operários das obras municipais, alguns deles membros da Associação. Propunha-se uma jornada de oito horas no inverno (de 1 de outubro a 31 de março) e de nove horas e meia no verão (de 1 de abril a 30 de setembro) até que fosse instituído «o dia normal de oito horas de trabalho», uma «inspiração não só dos proletários Portugueses como dos Estrangeiros». O documento destacava que a regulação já tinha sido adotada em vários países e até mesmo nalgumas localidades nacionais, pedindo que Loures seguisse o exemplo de Lisboa e Coimbra.

Em 2025, muitos anos depois, num mercado global desregulado, a redução do tempo de trabalho continua a enfrentar uma resistência significativa. Sempre que possível, os opositores tentam reverter todo e qualquer avanço social.

 CML – AML – Correspondência Recebida, 1915

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