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Arquivo Municipal de Loures | 2025-04-03

Estado Novo: A Verdade nos Documentos

«Feitiço do Império» | O Cinema ao Serviço da Propaganda Colonial

O cinema foi um dos instrumentos utilizados pelo Estado Novo para disseminar a ideologia do regime e influenciar a opinião pública. O governo de António Oliveira Salazar rapidamente reconheceu o potencial do cinema e aproveitou-o para promover valores conservadores, nacionalistas e colonialistas. O Secretariado Nacional de Propaganda (SPN), posteriormente renomeado Secretariado Nacional da Informação assegurava que as narrativas cinematográficas veiculassem mensagens alinhadas com os valores do regime, exaltando o passado histórico de Portugal e reforçando a visão de uma «Portugalidade» assumida como um projeto político que fundia metrópole e territórios ultramarinos

«Feitiço do Império», baseado no romance homônimo de Joaquim Mota Júnior e produzido pela Agência Geral das Colónias, foi uma das películas de propaganda patrocinadas pelo Estado Novo. Lançado em 1940, teve direção de António Lopes Ribeiro, cineasta oficioso do regime. No discurso fílmico, Francisco, um emigrante português que fez fortuna nos Estados Unidos da América, não esquece o seu país natal. O mesmo não sucede com o seu filho, que está noivo da rica herdeira Fay e pretende naturalizar-se norte-americano, olvidando as suas origens portuguesas. Quando o pai o convence a participar numa caçada em África a sua vida toma um rumo inesperado. Depois de visitar Lisboa e as colónias africanas rende-se ao «feitiço» dos territórios e apaixona-se por Mariazinha, a filha de um comerciante do mato, que cuidou dos seus ferimentos quando foi atacado por um leão durante a caçada em Angola.

O município de Loures não descurou a divulgação de «Feitiço do Império», publicitado como um filme com «um enredo empolgante num ambiente prodigioso», onde «as maravilhas do cinema» estão «ao serviço das maravilhas do império». A 3 de abril de 1941, através do ofício que apresentamos, a Sociedade Portuguesa de Atualidades Cinematográficas confirmava a reserva, a pedido da Câmara Municipal, de uma cópia do filme para exibir no cinema da vila de Loures.

 

CML – AML – Correspondência Recebida, 1941

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